Trabalho de Graduação Integrado
Documento
Autoria
Unidade da USP
Data de Apresentação
Orientador
Banca
Alfredo, Anselmo (Presidente)
Toledo, Carlos de Almeida
Almeida, Silvio Luiz de
Título em Português
Metrópole, cotidiano e racismo: morte e encarceramento da população negra
em São Paulo
Palavras-chave em Português
Racismo
Metrópole
Cotidiano
Crise
Concorrência
Resumo em Português
No último quarto do século XX em meio a transformações significativas do
capitalismo
mundial, como por exemplo o fim do modelo de produção fordista, a crise do
petróleo e
sobretudo a transformação do capitalismo industrial em capitalismo
financeiro, sucedeuse,
sobretudo, na periferia do capital (países de terceiro mundo ou
subdesenvolvidos) a
industrialização e modernização do campo, que teve como fundamento a
mecanização
dos processos produtivos e redução significativa do trabalho vivo na
produção agrícola,
tal processo tem como consequência um significativo êxodo rural do campo
para a cidade,
onde a forma de consciência do homem do campo também se transforma, pois é
marca
desta o processo a massificação e padronização do consumo, agora enquanto
símbolo de
uma identidade urbana (Mandel, 1978) transformando e intensificando a
metrópole
enquanto aglutinação, acumulação, centralização, concentração dos
processos críticos de
valorização, dos fatores de produção, sobretudo da força de trabalho
(Damiani, 2009)
avivando nesse sentido os processos concorrenciais inerentes a acumulação
capitalista. A
concorrência tratada como sociabilidade crítica, assim é definida pois é
fruto de uma
constante dispensa de trabalho vivo e mecanização de todos os setores
produtivos,
impossibilitando a capacidade de valorização a partir da mais-valia advinda
do trabalho
vivo, configurando assim um processo de valorização baseado na
ficcionalização do
valor, os juros. (Anselmo, 2010). A sociabilidade crítica é interpretada
enquanto
efetivação deste processo crítico de valorização no cotidiano, se
explana no urbano, onde
o processo da reprodução crítica do capital escancara suas contradições,
onde a sociedade
do trabalho se mostra intransponível como forma de consciência, onde a
concorrência se
acirra de tal forma, que a violência, o cárcere e a morte não mais são
estranhados. Nesse
sentido ao olharmos para a formação social/racial da sociedade brasileira
vamos observar
que essa se formou historicamente na base da dominação do sujeito negro
para o trabalho
e na naturalização desta dominação, ou seja, toda violência sobre a
população negra,
expressa pela escravidão africana, permaneceu no período
pós-abolicionista, se
cristalizou e se repõe a cada nova era do capital, assim ocorreu com a
formação do
mercado de trabalho livre em São Paulo, onde a imigração italiana
marginalizou os negros
enquanto sub-trabalhadores (Santos, 1998) e ocorre hoje, na era do
capitalismo
financeiro, marcado pela diminuição dos postos de trabalho, com a
violência urbana em
São Paulo que mata e encarcera a população negra (Sinhoretto, Silvestre e
Schilittler,
2014). A naturalização, racionalização e espetacularização de tal
violência muitas vezes
perpetrada pelo Estado expõe o caráter concorrencial crítico desta
sociabilidade, que não
estranha a morte e o cárcere e concebe tal dominação enquanto forma de
justiça. Essa
dominação funda um novo conjunto de normas sociais que limitam fisicamente
o
cotidiano do negro na metrópole paulista, desde simples gestos corporais
até lugares
passiveis ou não de serem frequentados. O negro vive no urbano a
objetividade e
subjetividade do medo, pois assim como na sociedade escravista, ele é um ser
a ser
domado.
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Data de Publicação
2018-05-07
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