Trabalho de Conclusão de Curso
Documento
Autoria
Unidade da USP
Data de Apresentação
Orientador
Banca
Bairrao, Jose Francisco Miguel Henriques
Risk, Eduardo Name
Oliveira, Vitor Hugo de
Título em Português
Estradas sem fim : a linha do Oriente e o povo cigano na umbanda
Palavras-chave em Português
Etnopsicologia
Umbanda
Ciganos
Resumo em Português
A umbanda transforma grupos sociais em símbolos religiosos carregados de significados psicológicos. As hipóteses tradicionais sobre a origem da umbanda supõem a preservação em seu culto de grupos subalternos da sociedade brasileira (tais como indígenas e africanos escravizados), em geral entendidos como ancestrais da população contemporânea. O que não é o caso do povo cigano, histórica e socialmente alheio à construção identitária do país. Conhecidos como um povo sem pátria, os ciganos são compostos de doze milhões de indivíduos dispersos pelo mundo e que ciosamente preservam a sua identidade e alteridade relativamente aos povos com que convivem. No Brasil, estima-se uma população de um milhão de pessoas, sendo sua primeira aparição histórica no século XVI junto com a corte portuguesa. Ainda assim, são invisíveis no plano político e social do país. Destacam-se, apenas, pelas roupas coloridas usadas por suas mulheres e pela representação artística, como a música cigana disseminada em muitos países ocidentais. No entanto, nos ritos umbandistas a linha de ciganos ocupa uma categoria significativa, uma vez que, é dada uma utilidade deles no corpus religioso. O objetivo da pesquisa foi caracterizar a representação dos ciganos no panteão umbandista. O método utilizado foi o etnográfico (pesquisa de campo em terreiro e consulta a entrevistas e registros audiovisuais de festas rituais de espíritos ciganos arquivadas no banco de dados do Laboratório de Etnopsicologia) e pesquisa bibliográfica referente à etnia cigana. Participaram do estudo espíritos ciganos e os seus médiuns, por meio de entrevistas abertas em cultos umbandistas. As entrevistas foram realizadas e gravadas após o esclarecimento aos colaboradores sobre o estudo mediante a apresentação de Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. A análise de dados foi feita a partir da identificação dos pontos de convergência, isto é, dos elementos que se repetiram nas narrativas transcritas e no diário de campo. Em seguida foi feito uma comparação com o que a literatura refere relativamente a outras categorias de espíritos, buscando encontrar as especificidades da representação do cigano na umbanda. Com base neste levantamento, estabeleceram-se tópicos no intuito de identificar sentidos explícita ou implicitamente associados regularmente a esse povo, que fornecessem pistas a respeito do papel da representação cigana neste imaginário. Dentre eles encontraram-se as sete linhas e a linha do oriente; autonomia e o pertencer ao grupo; relação de troca e a valorização de bens materiais; amor; liberdade; verdade; caminhos; cores vivas; festa; ouro; técnicas divinatórias; querer e mistério. Concluiu-se que a linha dos ciganos, aparentemente, não acrescenta novos sentidos à umbanda. Diferentemente dos demais grupos marginalizados existentes no panteão umbandista, ela reorienta significados já presentes no culto, numa perspectiva de futuro. Os espíritos ciganos interpelam os seus fiéis convidando-os a uma formulação clara do seu querer. Ao requerer que a pessoa se implique em suas próprias escolhas, o culto aos ciganos na umbanda também contraria a posição subjetiva de vítima do destino. A relação com o porvir permite também certo devaneio, favorece o otimismo com o amanhã e alivia angústias e sofrimentos com o presente
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Data de Publicação
2015-01-16
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