O endossimbionte Wolbachia na espécie cactófila Drosophila buzzatii

Wolbachia pipientis (Rickettsiales, Anaplasmataceae) é uma bactéria endossimbionte, obrigatoriamente intracelular, conhecida por manipular o sistema reprodutivo de seus hospedeiros, por meio da indução de incompatibilidade citoplasmática, feminização, partenogênese ou morte do macho, aumentando sua frequência nas populações de seus hospedeiros. Embora seja classificada como uma única espécie, o gênero é altamente diverso, sendo classificado em supergrupos. Atualmente existem 13 supergrupos descritos, denominados alfabeticamente de A a F e de H a N, dado que o supergrupo G pode ser um recombinante dos supergrupos A e B. Os supergrupos mais comumente encontrados em artrópodes são A e B. Sua distribuição é pandêmica. Estima-se que 40% das espécies de artrópodes terrestres e 66% de todas as espécies de insetos estejam infectadas por Wolbachia. Este trabalho teve como objetivo verificar a ocorrência e identificar as linhagens de Wolbachia em amostras populacionais da espécie cactófila Drosophila buzzatii, endêmica da América do Sul. A amplificação foi feita através da técnica de PCR padrão e utilizando primers para o gene wsp, que codifica uma proteína de membrana de Wolbachia, específicos para a identificação de linhagens do supergrupo B de Wolbachia. As amostras de DNA foram extraídas de indivíduos machos de populações naturais de Drosophila buzzatii. De 23 amostras analisadas, foram sequenciadas 6 amostras infectadas por Wolbachia, denominados aqui como "isolados", uma frequência de 26%, valor esperado de acordo com dados da literatura, que preveem 20% de infecção utilizando PCR padrão. Através de análises estatísticas, foram obtidos três haplótipos em Drosophila buzzatii, sendo que dois deles são distintos entre si, apresentando cerca de 28% de diferença na composição de aminoácidos. Um dos haplótipos é proveniente da Bahia (Brasil) e é semelhante à linhagem wNo (Drosophila simulans), pertencente ao supergrupo B de Wolbachia. O outro é composto por amostras provenientes de La Cruz (Argentina) e dos estados do Rio Grande do Sul, São Paulo e Minas Gerais (Brasil) e é semelhante ao isolado ALB001 (Pseudacysta perseae), o qual ainda não descrito foi como membro de algum supergrupo. Entretanto, a densidade de infecção encontrada é baixa, o que pode ter várias explicações, como interferência do DNA do hospedeiro ou baixa densidade de Wolbachia nos tecidos. Através de análises das relações fenéticas entre diversos grupos de Wolbachia, foi observado que Drosophila buzzatii é hospedeira de linhagens de Wolbachia que não são frequentemente observadas entre espécies do gênero Drosophila, dado que a maioria das espécies do gênero estão infectadas por linhagens do supergrupo A. Existem muitas linhagens de Wolbachia em Drosophila que não se agrupam em nenhum dos supergrupos mais comuns em artrópodes (A e B), inclusive um dos haplótipos (amostras da Argentina e Sul/Sudeste do Brasil) obtidos em Drosophila buzzatii. É necessário um estudo acerca das relações filogenéticas entre estas linhagens para saber se são recombinantes ou talvez um novo supergrupo

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Data de Publicação

2016-04-11

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